sábado, março 22, 2014

sábado, abril 24, 2010

"Veja o sol dessa manhã tão cinza, a tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos..."

No claustrofóbico dia "11 de Setembro" de 2001, terça-feira, eu acordei ao estardalhaço - justificável - dos meios de comunicação. Tomei a liberdade de chamar o "11 de Setembro" de claustrofóbico pela sensação de limitação e de confinamento que tomou conta de mim. Tudo se resumiu ao planejado ataque às torres gêmeas do World Trade Center em New York/EUA e nenhum outro assunto era mais importante. Nesse dia a Terra girou em torno de Manhatan.
Não quero me concentrar nessa data, mas sim em alguns dias depois, em um sábado de manhã na minha aula de violão. Eu tinha meus 18 anos recém completados há algumas semanas e estava há poucos meses frequentando as aulas de música. Já dominava a maioria dos acordes básicos e "tirava" muitas músicas com facilidade. Na época, minha professora, que tem uma voz e um talento incrível para a música, nos trouxe a música da Legião Urbana, Tempo Perdido.
Não julgo se foi proposital ou se estava programada e o acaso se incumbiu de realizar tal elo, mas não consegui achar letra e melodia mais propícia para o momento.
A manhã estava nublada ("...veja o sol dessa manhã tão cinza...") e estranha. A semana estava estranha, todos estávamos passando por um momento de tensão, e para aqueles que não podiam se manifestar com atos, em certo momento, restava apenas o silêncio. E esse silêncio foi quebrado apenas pela música em uma aula de violão. Professora e alunos não precisavam dizer palavras próprias. Deixamos que Renato Russo falasse por nós quando proclamou que "todos os dias, antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia, sempre em frente, não temos tempo a perder. Nosso suor sagrado é bem mais belo que esse sangue amargo e tão sério e selvagem..."
Desse dia em diante tomei a liberdade de dizer que quando "a tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos", essa tempestade é da cor dos meus olhos castanhos. Olhos castanhos que não têm medo do escuro, mas grita para deixar as luzes acesas...
Este desabafo não tem uma linha de raciocínio lógica. Talvez eu quisesse comentar sobre o sol da manhã tão cinza, sobre meus olhos castanhos, sobre o tempo que se perde, sobre todos sermos tão jovens... tão jovens... não sei...

sábado, abril 17, 2010

I wanted...

(para ler ouvindo U2 - Still haven't found what I've looking for)
Eu gosto das palavras, as amo, considero-as riquíssima fonte de prazer, mas muitas vezes as minhas palavras me faltam, eu fico sem saber o que falar, o que pensar, como me expressar, como dizer o que sinto, O QUE QUERO, o que está acontecendo. Nestes momentos, pessoas que dominam as palavras muitíssimo melhor do que eu fazem as minhas vezes...

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar sem exigências. E sem solicitações aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha era seu"
(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, dezembro 31, 2009

2010 it's comin' soon

2009 ficou pra história e eu prometo atualizar com mais frequencia esse blog em 2010. Nessa, vai um texto que não é meu mas que de chegou até o meu conhecimento e me faz refletir muito acerca do ano que está acabando. Não sei quem é o autor, mas seja quem for merece grandes méritos, mesmo que, muitas vezes, seja complicado de ouvir certas verdades:
"Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo e o que não mata com certeza fortalece. Às vezes mudar é preciso, nem tudo vai ser como você quer e a vida continua. Para qualquer escolha segue alguma consequencia e vontades efêmeras podem não valer a pena. Quem fez uma vez não fará duas, necessariamente, mas quem fez dez vezes possivelmente fará onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Nem todo mundo é legal assim e de perto ninguém é normal. Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida e o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente. Não é preciso perder para aprender a dar valor e os amigos ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pelo resto da vida e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade ou enterrar o passado. O tempo sempre vai ser o melhor remédio mas os seus resultados são imediatos."
... e um ótimo 2010 a todos deste atual estudante de psicologia, ex-estudante de jornalismo mas que nunca deixará de rabiscar suas crônicas...
c ya, dude, in the next year...

domingo, abril 19, 2009

À Vida (esse "mal" necessário...)

Viver! Por que algumas pessoas insistem em considerar este ato um fardo? Porra! Acordem! A unicidade dessa trajetória não deve passar despercebida.

Beije. Beije muitas bocas. Só assim você irá entender qual é o beijo que melhor se encaixa à sua boca, que combina com o seu desejo, qual a língua que tem o paladar que lhe agrada... Beijos são como roupas: precisa de provas, ajustes, fazer a barra, trocar. Nunca deixe de provar beijos, de experimentar bocas, de testar línguas.

Intensifique cada um de seus sentimentos. Eles foram “feitos” para isso. Explore ao máximo cada um deles. Exponha-os. Você precisa disso. Esvaziar um copo cheio de água velha é dar a chance de experimentar água nova e fresca, mais saudável.

Prove todos os venenos. Tenha a certeza de que não fenecerás por nenhum deles. O risco deixa as pessoas mais espertas, mais fortes, mais resistentes. O medo torna-se aliado e não inimigo.

Sinta todas as suas dores. Elas existem para isso e não maioria das vezes é você mesmo quem as criou. Abriu suas chagas, cutucou, infeccionou por conta própria. Agora faça sarar. Não é tão difícil quanto se pensa e não é impossível. Pelo contrário. Vacine-se contra si mesmo. Em grande parte de nossa vida, somos os nossos próprios inimigos. Nossas mais altas barreiras. Nossos mais cruéis carrascos.

Sinta suas alegrias em todos os vão e fresta do seu corpo. Elas começam a ficar raras com o passar do tempo e merecem ser apreciadas com o mesmo paladar que se aprecia um doce pela primeira vez, que se sente um gosto novo. As alegrias são novos gostos. Adoçam a boca, satisfazem o corpo, acalentam a alma, fazem explodir um sorriso cheio de dentes nos rostos aflitos. A felicidade não é algo para deixar para resolver depois. Ela merece atenção imediata, é serviço urgente e de ordem maior.

Se o sol aparecer no centro do céu, queime-se com seus raios. Se o céu desabar em temporal, saia na chuva e sinta o frio. Arrisque. Tudo é muito rápido. Em um instante chega o fim e sem aviso. Violento e injusto. Justa é a vida, claro, para aqueles que se entregam e se doam.

Viva todas as suas lembranças. O passado, sim, deve ser revirado. Tudo o que foi bom deve ser recordado. Deve trazer harmonia ao presente. O que foi ruim deve ser um alerta e nunca esquecido.

Role na grama. Beba e se embriague pelo menos uma vez em sua vida. Sinta o mundo rodar e as coisas saírem de seu controle. Não durma quando a ronda se fizer necessária. Você terá outras noites de sono durante seu percurso. Quando contrariado, reivindique. Quando amado, ame. Quando questionado, responda. Olhe ao seu redor. Existem vidas únicas como a sua esperando para ser descoberta.

Ah! A Vida, esse mal necessário, com letra maiúscula. Se entregue. A queda livre da existência só é sentida por quem se atira do penhasco e confia no colchão de ar que o aguarda há muitos metros abaixo. Existir é fato. Viver é a meta. Respirar é fácil. Perder o fôlego é que é o verdadeiro aprendizado...

sábado, março 28, 2009

Teu pomar.

Nessa de tentar ser um jornalista, às vezes eu tento ser poeta... quem sabe um dia eu consigo ser uma coisa.... ou outra coisa...
Reclamas que sou ácido. Sou pomar regado por gotas de tua chuva. Se sou seco é porque fui arado com teu rastelo. Se insensível é porque não te ocupastes em tirar meus espinhos. Se feio aos olhos é por simples conta de teus maus tratos.

Se não perfumo mais teu ambiente, devo isto aos teus constantes abandono ao relento. Se outros pássaros não vem me visitar e pousar sobre meus ramos é a certeza de que teu horrendo espantalho está desempenhando com louvor sua função.

E não me venha cobrar magníficas folhagens se me adubas com o veneno que não mata e pela mesma razão não deves procurar sombra sob os galhos que arrancastes com tuas mãos tão vis.

Eu apenas pedi um pouco de sol e tu me destes um punhado de trevas. Clamei, com sede, de tua fonte e poluíste-me com teus dejetos. Quis proteção, mas fui prisioneiro de teu estúpido muro.

Portanto, não supliques vida, pois cultivastes apenas as rudes ervas da morte.

sábado, março 21, 2009

Estava certa a raposa?

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

Não sou contra o livro de Antoine de Saint-Exupéry, muito pelo contrário. Gosto do ensinamento sobre a amizade e fidelidade. Acontece que esta famosa frase da raposa, e copiada pelas “miss alguma coisa” ao redor do globo, começou a ecoar na minha mente de uma maneira diferente, com um peso maior. Eu sou realmente eternamente responsável por aquilo que eu cativo? Meu Deus, quanta responsabilidade sobre as minhas costas...

Não! Eu não sou eternamente responsável por aquilo que eu cativo e, por favor, não venham me cobrar isto. Eu sou eternamente livre para ir e vir. Eternamente livre para tomar as minhas decisões e escolher quem passará a tal eternidade ao meu lado ou, pelo menos, em meu coração e pensamentos.

É fácil para qualquer ser humano encostar-se no outro e dizer “me cativaste, tu tens obrigação para comigo”. Como assim Bial? Quer dizer que você se afeiçoou à minha pessoa e agora eu tenho dívidas para com você? Não! E enfatizo: não!

Parto de um princípio básico que os seres humanos mudam. A pessoa que me foi importante e especial até ontem, por algum ou por vários motivos pode muito bem não ocupar mais este espaço hoje. Não sou escravo de outro indivíduo por mais que o meu passado junto a ele tenha sido incrivelmente fantástico e marcante.

Não! Reforço: não! Não sou eternamente responsável por outras pessoas. Sou eternamente responsável por mim mesmo, pela minha vida, pelo meu bem estar, pela minha felicidade e respeito próprio. Sou eternamente responsável por garantir a minha integridade como homem. Não pense que vais se atirar em um poço e que eu vou me atirar junto contigo porque tenho “obrigações” para com a tua segurança ou vida. Sequer imagine que pode fazer o que bem entender comigo, massacrar um coração, trair uma mente, esbofetear uma face, oferecer pouco caso e abandono em troca de um passado glorioso.

Não! Não serei eternamente responsável por qualquer pessoa que não seja esta que está nesta pele e, neste momento, contrariando a raposa mais amada do planeta. Serei eternamente fiel às pessoas ao meu redor, eternamente centrado e as respeitarei como são e dedicarei o meu tempo particular dependendo do merecimento de cada uma. Se precisar abandoná-las, terei um bom motivo e uma justificativa sincera e plausível. Serei eternamente justo com estas pessoas e as amarei eternamente quando assim se fizer correto. Mas me desculpe raposa, eu não serei eternamente responsável por estas pessoas, por aquilo que eu cativei.

“Se tu vens as quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz”. Mas se eu souber que tu não virás mais, não esperarei mais por ti. Não há nada de eterno nisso...