segunda-feira, fevereiro 23, 2009

A respeito do crescimento...

O crescimento. Esse processo doloroso que os seres humanos precisam passar. Alguns simplesmente negam essa necessidade e vivem uma sobrevida, uma pseudo-conquista de ter ou de ser alguém. Eu me orgulho de crescer, dia após dia. Orgulho-me das merdas que eu faço, não porque eu as faço, mas porque eu as limpo e as passo a limpo e as analiso, da mesma maneira como os seres humanos olham para o próprio excremento no papel higiênico a fim de, instintivamente, verificar se há algo errado com o seu organismo.

Crescendo eu me machuco, eu me iludo, eu bato com a cara na parede diversas vezes. Eu construo as minhas paredes para bater a cara nela. Isso é crescer. E crescendo eu começo a construir paredes com tijolos mais maleáveis, de materiais menos dolorosos, porque eu sei que ainda vou meter muito a minha cara neles, e assim começo a fazer paredes mais finas e mais frágeis. Chegará o dia em que eu transpassarei estas paredes. Eu as quebrarei e não o contrário.

Crescer dói. Dói como um animal que precisa trocar de pele. Que precisa se enroscar em algum galho e rasgar o próprio couro, ficar exposto, esperando a nova e bela roupagem. Crescer arde como arde a ave Fênix que, sentindo-se velha e no final de sua existência, ateia fogo ao próprio corpo, no próprio ninho e magnificamente renasce jovem e disposta.

Crescer ofende. Muitas vezes precisamos trair o nosso coração, precisamos fingir que não há um peso em nosso peito, precisamos negar o nó na nossa garganta e precisamos dizer que há um cisco em nossos olhos. Crescer maltrata porque precisamos chorar em frente a desconhecidos e nos desnudar de todo o orgulho e soberba. Crescer nos despoja de nossas armaduras, de nossas capas, escudos e espadas. Crescer nos expõe aos nossos medos e dessa maneira nos limita, mas também nos encoraja. Começamos a conhecer os nossos pontos fracos e ao mesmo tempo dar valor aos nossos pontos fortes e que ficam cada vez mais e mais fortes.

Não se cresce sendo um super-herói. Eles já são auto-suficientes. Quem cresce não é auto-suficiente. É dependente e cresce consciente dessa dependência. Física, moral, afetiva, espiritual. E cresce mais, pois, começa a entender que quanto mais sabe, menos entende algumas coisas e de mais conhecimento necessita. Crescer ensina a perdoar. Ensina a olhar para trás não com pena, rancor ou remorso. Crescer ensina a tirar do coração todo o peso de uma situação mal resolvida. E isso faz da pessoa quase um adulto.

Crescer ensina que o caminho final é o próprio fim. Que não há esperança após tanto crescer. Dá a maturidade suficiente para entender que a morte vem para todos e que não há privilegiados para esta donzela de foice, roupas negras e pele branca e gélida. E digo por mim mesmo, eu, ser humano, falho, cheio de erros e inseguranças: eu cresço. Cresço com tudo o que há de ruim, mas cresço mais ainda com tudo o que há de bom dentro de mim. E o que há de bom em mim apenas cresce...

domingo, fevereiro 22, 2009

Não há nada de novo no mundo...

... e tenho quase certeza de que mais nada de novo no mundo vai surgir. Pelo menos mais nada que realmente surpreenda a humanidade.

Todas as armas de destruição em massa possíveis já foram criadas. A maioria das combinações das 7 notas musicais e seus acidentes já estão disponíveis. Estamos comendo quase todos os animais que nadam, voam, andam ou rastejam, temos grande parte dos sabores ao nosso alcance, ou pelo menos a venda no mercado.

Existem lugares para tudo e para qualquer coisa que você precise. Podemos escolher os ambientes para fazer o que bem entendermos, com quem quisermos, dando satisfação ou não. Às vezes estes lugares que existem, nem mesmo existem e nem sempre estamos lá (mesmo "estando lá").

Por mais criatividade que o ser humano tenha, já vimos todas as cores possíveis, sentimos os aromas, nosso paladar já não consegue nos excitar com o inexistente novo, nossos ouvidos não são atingidos por uma melodia inédita...

Nos programas religiosos da TV todas as doenças já foram curadas e todos os maus espíritos já foram expulsos. Os filmes eróticos já exploraram todos os buracos e todos os gemidos já foram entoados, gozados, ejaculados, "osgarmizados", enfiados e afins.

As TV's já estão suficientemente finas, dentro de um disco de poucos diâmetros conseguimos armazenar as informações do Pentágono todo e os telefones móveis já obtém grande parte das funções.

Enfim, tudo é uma repetição. As bolinhas que fizeram sucesso nos anos 50 fazem a tendência novamente, pelo menos até a próxima semana. Faz tempo que não aparece um remédio realmente eficaz para a gripe e não há mais uma droga entorpecente que nos leve a uma viagem muito louca. Não dá pra pular de para-quedas de uma altura maior. Toda a face do planeta já está mapeada. O fundo dos oceanos também. O corpo humano é estudado em detalhes. Só existem 12 signos no Zodíaco e, segundo o horóscopo, irão acontecer 12 situações diferentes pelo mundo a fora.

aparece mais um doido criando um blog e torcendo para que sua ideias sejam realmente criativas. Cada coisa que se vê nesse mundo.

Como se o mundo ainda espantasse as pessoas... Bem, mas o mundo sempre consegue.