sábado, abril 24, 2010

"Veja o sol dessa manhã tão cinza, a tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos..."

No claustrofóbico dia "11 de Setembro" de 2001, terça-feira, eu acordei ao estardalhaço - justificável - dos meios de comunicação. Tomei a liberdade de chamar o "11 de Setembro" de claustrofóbico pela sensação de limitação e de confinamento que tomou conta de mim. Tudo se resumiu ao planejado ataque às torres gêmeas do World Trade Center em New York/EUA e nenhum outro assunto era mais importante. Nesse dia a Terra girou em torno de Manhatan.
Não quero me concentrar nessa data, mas sim em alguns dias depois, em um sábado de manhã na minha aula de violão. Eu tinha meus 18 anos recém completados há algumas semanas e estava há poucos meses frequentando as aulas de música. Já dominava a maioria dos acordes básicos e "tirava" muitas músicas com facilidade. Na época, minha professora, que tem uma voz e um talento incrível para a música, nos trouxe a música da Legião Urbana, Tempo Perdido.
Não julgo se foi proposital ou se estava programada e o acaso se incumbiu de realizar tal elo, mas não consegui achar letra e melodia mais propícia para o momento.
A manhã estava nublada ("...veja o sol dessa manhã tão cinza...") e estranha. A semana estava estranha, todos estávamos passando por um momento de tensão, e para aqueles que não podiam se manifestar com atos, em certo momento, restava apenas o silêncio. E esse silêncio foi quebrado apenas pela música em uma aula de violão. Professora e alunos não precisavam dizer palavras próprias. Deixamos que Renato Russo falasse por nós quando proclamou que "todos os dias, antes de dormir, lembro e esqueço como foi o dia, sempre em frente, não temos tempo a perder. Nosso suor sagrado é bem mais belo que esse sangue amargo e tão sério e selvagem..."
Desse dia em diante tomei a liberdade de dizer que quando "a tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos", essa tempestade é da cor dos meus olhos castanhos. Olhos castanhos que não têm medo do escuro, mas grita para deixar as luzes acesas...
Este desabafo não tem uma linha de raciocínio lógica. Talvez eu quisesse comentar sobre o sol da manhã tão cinza, sobre meus olhos castanhos, sobre o tempo que se perde, sobre todos sermos tão jovens... tão jovens... não sei...

sábado, abril 17, 2010

I wanted...

(para ler ouvindo U2 - Still haven't found what I've looking for)
Eu gosto das palavras, as amo, considero-as riquíssima fonte de prazer, mas muitas vezes as minhas palavras me faltam, eu fico sem saber o que falar, o que pensar, como me expressar, como dizer o que sinto, O QUE QUERO, o que está acontecendo. Nestes momentos, pessoas que dominam as palavras muitíssimo melhor do que eu fazem as minhas vezes...

"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar sem exigências. E sem solicitações aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha era seu"
(Caio Fernando Abreu)